sexta-feira, 10 de julho de 2009

40 ANOS DE CARREIRA

Ao longo de 40 anos de carreira, fiz muitas gravações que nunca foram lançadas, muitos projetos que nunca foram concretizados, muitos programas de rádio e shows ao vivo gravados que "quem viu viu, quem não viu não viu". Vivi muitos anos no exterior o que causou a impressão ao público brasileiro que eu tinha "sumido", tive poucas testemunhas do que fiz por aí.

Nos anos que vivi no exterior, sempre mantive uma postura de levar ao público estrangeiro o melhor da música brasileira interpretando compositores renomados assim como meu trabalho de compositor todo ele baseado na música brasileira. Nunca tive a intenção de participar de grupos de artistas estrangeiros, e sim de convida-los a participar de minhas "empreitadas" interpretando música brasileira que eles não conheciam. Assim foi com Ron Carter, que ficou maravilhado com as composições de Johnny Alf, Walter Booker que tocava Feitio de Oração ao contrabaixo, Wayne Shorter tocando Cartola e Assis Valente, Wallace Rooney interpretando Pixinguinha, Nicola Stilo tocando Geraldo Pereira, para citar alguns. Enfim, no exterior, quando se interpreta músicas desses compositores, o público imagina que você esteja mostrando algo novo, original, inédito, moderno, sem saber que essas canções foram compostas a mais de 50 anos atrás. Misturadas com minhas próprias composições sempre resultou em concertos e apresentações que emocionavam o público e a resposta sempre era de alto astral e crícicas muito boas.

Também sempre pude contar em meus concertos e/ou gravações com músicos extraordinários brasileiros que vivem ou estavam de passagem pelo exterior ou convidados para a ocasião, como Edison Machado, Claudio Slon, José Marino, Meia Noite, Octavio Bailly, Claudio uimarães, Duduca Fonseca, Teco Cardoso, Carlos dos Santos, Robertinho Silva, Pablo Silva, Ricardo do Canto, Marcia Maria, Raul de Souza, Airto Moreira, Flora Purim entre outros.

No Brasil, onde vivi a primeira metade da década de 70 e a maior parte dos anos 80 também formei vários grupos e duos, trabalhamos bastante, apesar de nunca termos conseguido contrato com gravadoras e ficarmos restritos ao momento, também na base do "quem viu viu quem não viu não viu". Tive em meus grupos também participações de músicos extraordinários, como Cisão Machado, Duda Neves, Marcos André Seraphini, Mauro Senise, Ion Muniz, Zé Luiz Signeri, J.T. Meirelles, participações de integrantes da bateria da Estação Primeira de Mangueira, adulta e mirim, duos com Lea Freire, Raul de Souza, Rosa Maria, além ce concertos solos. Algumas dessas apresentações foram gravadas e esquecidas em vários "cantos" por aí em fitas cassete, DATs, e outras mídias que hoje não se usam mais.

Este ano resolvi "correr atrás" dessas gravações ao vivo e em estúdio que estavam perdidas por aí e digitaliza-las, o que resultou em mais de 150 faixas. Com o apoio inestimável de minha amiga e empreendedora Regina Pinho de Almeida da PROJECTO / S e da Tratore, iremos lançar 3 volumes com uma parte deste material, o que deu para ficar algumas faixas com muito boa qualidade e outras com o melhor que pudemos fazer para que atingissem uma qualidade razoável.

Será o INTEMPORAL / TIMELESS, volumes 1, 2 e 3. O primeiro volume deverá sair por volta de setembro com direito a shows de lançamento e assim que estiverem fabricados, publicarei aqui a história de cada faixa.

Neste primeiro volume terão faixas gravadas em estúdio e programas de rádio.No segundo gravações ao vivo, e no terceiro gravações em estúdio, programas de rádio e ao vivo.

Espero que gostem das gravações que vão de 1971 (a primeira vez que entrei num estúdio para gravar) a 2007, e se divirtam com as histórias das mesmas.

Segue abaixo uma das faixas deste primeiro volume. Inusitadamente cantando, acompanhado dos grandes Walter Booker ao contrabaixo e Edison Machado bateria, a canção "O que é amar" de Johnny Alf. Solo do guitarrista José Neto. Gravada em Boston, 1978.